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Em Baixa da Missão, no sul de Angola, uma simples bomba solar está a mudar vidas. O que antes eram campos secos e improdutivos transformou-se num mosaico verde de culturas abundantes.
Graças a um sistema de irrigação, alimentado por energia solar, e a programas de formação comunitária, agricultores estão a descobrir novas formas de enfrentar os desafios das alterações climáticas, assegurando alimento e rendimento para as suas famílias.
Solução para tempos difíceis
Juliana, agricultora e mãe de seis filhos, perdeu o marido há alguns anos e enfrentava uma luta constante para alimentar a família. As chuvas irregulares e as longas secas deixavam o solo árido e os alimentos escassos.
Tudo mudou quando ela se juntou à Escola de Campo de Agricultores (FFS na sigla em inglês) de Chitaka, apoiada pelo programa Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola, Fresan, financiado pela União Europeia e implementado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Agrário.
Com o apoio do projeto, o grupo de Juliana instalou uma bomba de água movida a energia solar, acoplada a um sistema de irrigação por gotejamento de baixa pressão. Essa tecnologia reduz a evaporação, direciona a água diretamente às raízes e garante um fornecimento constante mesmo durante períodos de seca.
Juliana, relatou orgulhosamente, como antes o seu grupo carregava baldes de água e nunca era suficiente; agora com a bomba solar, podem irrigar durante todo o ano, contribuindo para um melhor crescimento das plantas e maior eficiência de tempo e esforço.
Conhecimento que gera resiliência
Além da irrigação, as formações nas Escolas de Campo ensinam práticas agrícolas sustentáveis, como o uso de cobertura orgânica para conservar a umidade do solo e a rotação de culturas para melhorar a fertilidade.
Os agricultores também aprendem a aproveitar o estrume do gado como fertilizante natural, criando um ciclo produtivo e sustentável.
Juliana afirmou que o que aprendeu mudou a sua forma de trabalhar, pois “as colheitas são maiores e a terra mantém-se saudável”.
A abordagem integrada das FFS reforça a autonomia das comunidades. Além dos pequenos agricultores, facilitadores locais e técnicos de extensão rural são capacitados, garantindo que o conhecimento se espalhe e beneficie toda a região.
Colheitas que sustentam famílias e futuro
Com maior produtividade e colheitas mais previsíveis, famílias como a de Juliana conseguem agora garantir alimentação regular e alguma renda extra para despesas essenciais. Com felicidade, Juliana exprimiu como agora pode pagar os estudos aos seus filhos, dos quais os mais velhos já estão na universidade, e contar com o apoio dos mais novos que a ajudam no campo depois das aulas”.
O impacto é visível: hortas verdes onde antes havia terra seca, mercados locais mais abastecidos e comunidades mais fortes e unidas. Em Baixa da Missão, cada bomba solar e cada escola de campo representam mais do que uma inovação tecnológica; simbolizam esperança e autossuficiência.
Um futuro fértil sob o sol
O projeto Fresan já beneficiou mais de 7.400 pequenos agricultores em mais de 30 Escolas de Campo na região. Ao combinar energia limpa, práticas agrícolas inteligentes e formação prática, está a construir comunidades mais resilientes às mudanças climáticas.
O jardim de Juliana, banhado pela luz do sol e alimentado pela energia que vem dele, é um retrato do futuro que se quer para Angola: um futuro onde cada família possa colher não apenas alimentos, mas dignidade e oportunidades.
Distribuído pelo Grupo APO para UN News.


